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Entrevista: Como a tecnologia muda o mercado de envio de encomendas

Tempo de leitura:11 min
14/11/2023
Entrevista: Como a tecnologia muda o mercado de envio de encomendas

Tecnologia mobile, internet das coisas e inteligência artificial ajudam mercado a ganhar escala, reduzir custos e aumentar velocidade; para os próximos anos, Greg Balasko, nosso VP de novos negócios, aposta em tendências de personalização e superagilidade nas entregas.

Confira a entrevista concedida por ele, sobre o avanço no envio de encomendas, ao jornalista Bruno Capelas, atuante na GQ Brasil, no Portal Cajuína, da startup Caju, e no jornal Estadão.

A imagem mostra o maior corssdocking da Logg: Cajamar II, visto de cima. Um espaço que tem capacidade de processar até 1 bilhão de pacotes por dia. É por meio dos crossdockings que a Loggi se destaca no setor de envio de encomendas.

Há muito tempo, enviar mercadorias do “ponto A ao ponto B” é uma das principais ocupações da humanidade – civilizações inteiras, por exemplo, prosperaram pelo comércio e pelo transporte de produtos. Mas talvez nenhuma transformação tenha sido tão radical no universo da logística nesse tempo todo quanto as mudanças que aconteceram nos últimos 20 anos: impulsionado por avanços tecnológicos como inteligência artificial, e-commerce, tecnologia mobile e internet das coisas, o mercado de envios nunca foi tão dinâmico. É o que diz Greg Balasko, vice-presidente de novos negócios da Loggi. 

“Cada salto tecnológico que a humanidade dá permite o aumento de massa crítica de envios, reduzindo prazos e custos. A internet trouxe muitas mudanças: compras a distância já existem há muito tempo, via catálogo ou telefone, mas a rede expandiu isso de forma exponencial”, diz o executivo, em entrevista ao LoggiConteúdos. No papo a seguir, ele não só faz um panorama histórico do mercado de envios, como também explica como inovações pequenas – que podem mudar 1% ou 2% a eficiência de um processo logístico – acabam se somando para gerar uma enorme eficiência. 

O especialista também identifica tendências importantes no mercado de envios, que podem mudar a vida de quem está começando a vender produtos pela internet. Uma delas é a personalização, impulsionada justamente pelo avanço de malhas logísticas. “Hoje, é cada vez mais possível produzir algo que ninguém mais oferece, criando produtos únicos. Esse é o poder da digitalização: dar acesso que um artesão no interior do Maranhão possa fazer um produto único o suficiente, tendo escala para vender no Brasil e no mundo, se sustentando com a sua criação”, diz Balasko, sempre lembrando que a missão da Loggi de conectar o Brasil está diretamente ligada a inclusão social e econômica. Com a palavra, Greg Balasko. 

A imagem mostra o interior de um dos crossdockings da Loggi. A visão que a pessoa tem, é como se ela estivesse olhando o sorter, rampa em que os pacotes passam, de dentro. Na imagem, diversos pacotes passam pelos sortes, enquanto pessoas bipam as etiquetas. Esse é um dos processos necessários para o envio de encomendas.

Enviar mercadorias de uma parte do mundo a outra é algo que a humanidade faz há milênios – transformações e revoluções, inclusive, aconteceram por conta disso. Mas há muitas evoluções no universo da logística nos últimos 20 anos. Como você descreve as mudanças da logística no século XXI? 

Gosto dessa perspectiva de longo prazo: as primeiras evidências de correios, por exemplo, surgem no Império Romano, mas há evidências anteriores no Egito e na Mesopotâmia. Seja qual for a época, é possível dizer que enviar coisas está diretamente relacionado ao estado da tecnologia disponível na época. Cada salto tecnológico que a humanidade dá permite o aumento de massa crítica de envios, reduzindo prazos, reduzindo custos – o que gera um ciclo novo, permitindo maior massa crítica de envios e mais oportunidades. O que vemos nos últimos 20 anos é uma aceleração do fenômeno de envios.

A internet trouxe mudanças: de um lado, coisas que enviávamos há 50 anos, como cartas escritas, agora são enviadas a um custo marginal a zero. Por outro lado, a internet também viabilizou a compra de itens muito diferentes na palma da mão, com facilidade muito grande. Compras a distância existem há muito tempo, seja por catálogo ou telefone, mas a internet expandiu isso de forma exponencial.

Com a conveniência cada vez maior, o volume de envios começou a aumentar – e com o aumento do envio, você tem ganho de escala, que gera redução de custos… que por sua vez, gera aumento de escala e custo menor ainda. É uma aceleração que tem acontecido nos últimos 20 ou 30 anos, a partir de avanços tecnológicos. Aqui no Brasil, é possível imaginar que ainda teremos pelo menos 15 anos de crescimento nesse mercado, só com o aumento de volume previsto. 

Você disse que tecnologias são importantes para expandir a capacidade de envio de encomendas. Mas que tecnologias influenciaram esse mercado nos últimos 20 anos? 

Acho que há muitas coisas que não estão necessariamente óbvias, mas que se tornam óbvias quando paramos para pensar. A tecnologia mobile, por exemplo, não só viabilizou a capacidade de fazer pedidos online, mas também de coordenar uma malha de entregas a distância. Antigamente, coordenar o envio de um pacote ao longo de etapas regionalizadas até o destino final envolvia muito papel e tempo. Com a tecnologia mobile, é possível digitalizar várias etapas operacionais desse processo, reduzindo o custo e aumentando a velocidade da entrega.

Outro avanço é inteligência artificial: quando se aumenta o volume de entregas, algumas otimizações de roteirização passam a ser possíveis, em modelos matemáticos que já tinham sido previstos anos antes. Além disso, a internet das coisas auxilia muito: hoje, é possível saber onde está um veículo, assegurando o processo de entregas. Cada inovação que contribua 1% ou 2% pode parecer pequena, mas quando você agrega isso ao longo da cadeia logística, combinando software, hardware e procura de eficiência, há um potencial de transformação gigantesco. E todo dia, surgem novas tecnologias que podem causar impacto. O ChatGPT, por exemplo, pode ajudar muito em tempo de resposta de atendimento ao consumidor.

Fosse só pelo aspecto tecnológico, o mercado de envios de encomendas seria igual no mundo inteiro. Mas há características culturais que influenciam muito esse universo. Quais as características que você destaca no mercado de envios do Brasil, na comparação com outros países? 

A resposta é uma mistura de questões geográficas, arquitetônicas e econômicas, que trazem muito impacto com relação à malha logística. Até porque é um país bem diferente. Em capitais do Sudeste, como São Paulo, existe um mercado de entrega bastante desenvolvido em padrões internacionais: tem frequência de entrega, muito pedido online e diversidade de produtos. Sâo Paulo é uma cidade com muita portaria, é fácil deixar pacote nos lugares, e é uma cidade muito urbanizada. Além disso, São Paulo é um estado único: é ao mesmo tempo o baricentro econômico e o baricentro da logística. Isso faz com que a principal malha logística, da origem ao destino das cargas, seja em São Paulo, transformando as pessoas compradoras em São Paulo, privilegiadas na questão de compra online, de acessibilidade.

O oposto disso está no Norte ou no Nordeste: mesmo em lugares urbanizados, você está muito longe desse baricentro. E o custo de logística cresce à medida que você se afasta do baricentro. Em outros países, como EUA ou China, você não tem uma diferença territorial tão brutal quanto no Brasil: existem baricentros, mas são países menos urbanizados, mais espalhados, com vários centros de logística. Isso faz com que o Brasil tenha uma dualidade muito grande de acessibilidade, com uma oportunidade gigantesca de interiorização do comércio eletrônico.

O que a gente vê hoje é cada vez mais um aumento da escala, aumentando acesso logístico. Estamos só nas etapas iniciais dessa interiorização – e acredito que o papel da Loggi de conectar o Brasil passa por aí. 

Nesse contexto, como a pandemia mudou o mercado de envio de encomendas? 

A pandemia só fez acelerar esse processo histórico, que vem pela escala logística e pela adoção de tecnologia. O período de distanciamento social trouxe um aumento brutal de adoção de tecnologia e de escala logística, fazendo o mercado chegar a novos patamares de custo e de acessibilidade. É claro que, no momento que vivemos agora, as pessoas estão consumindo mais presencialmente, mas mesmo assim, estamos num patamar muito diferente. Em 2022, o e-commerce não cresceu muito no Brasil, mas ele não encolheu, e agora está voltando a crescer. Acredito que o mercado adiantou 2 ou 3 anos de crescimento em decorrência da pandemia. 

Que tendências você enxerga hoje, no mercado de envios? 

Existem tendências históricas que estão se intensificando. Existe um aumento brutal da quantidade de produtos disponíveis. É interessante: se você olhar os motivos de sucesso dos principais e-commerces do Brasil, diversidade de produtos está entre eles. Poder encontrar qualquer coisa numa plataforma é algo. É uma proposta de valor que os sites chineses trouxeram também, alinhada a produtos que não são tão disponíveis no Brasil. Acredito que vamos ter dois grandes leques de tendências caminhando juntos: de um lado, a personalização, a customização. Uma boa escala logística ajuda a dar acesso mais amplo a produtos personalizados.

Tecnologias também aumentam a personalização, com mercados cada vez mais específicos. Outro grande leque de tendências está nos produtos commodity, como, por exemplo, papel higiênico: aqui, você vai ver velocidade de entrega cada vez mais rápida, simplesmente porque cresce a escala, com custo de entrega menor, avançando o estoque cada vez mais. De um lado, o padronizado vai ser entregue mais rápido; do outro, o personalizado com acesso cada vez mais amplo a produtos únicos e diferenciados. 

Outra grande tendência atual é o surgimento de cada vez mais pessoas vendendo produtos – muita gente utiliza redes sociais, como Instagram ou TikTok, para começar um negócio. Que conselho você dá para quem está nessa situação? 

Redes sociais são incríveis plataformas de divulgação de trabalho e criação. É algo que está em sintonia com o que falamos sobre personalização e especialização. Hoje, é cada vez mais possível produzir algo que ninguém mais oferece, criando produtos únicos. Esse é o poder da digitalização: garantir o acesso para que uma pessoa artesã, no interior do Maranhão, possa fazer um produto único o suficiente, tendo escala para vender no Brasil e no mundo, se sustentando com a sua criação. Isso é inclusão econômica e social, e o papel da Loggi é viabilizar isso.

Meu conselho para quem está nesse lugar é gastar energia no que sabe fazer de melhor: criar algo único, divulgar essas criações, enquanto empresas como a Loggi estão aqui para apoiar na logística. Tem gente que vai fazer uma embalagem única, incrível, mas para quem não souber, a Loggi também resolve o problema da embalagem. O importante é focar no que vai fazer diferença para você, no melhor uso do seu tempo. O poder da digitalização é esse: dar massa crítica para as pessoas poderem viver de coisas únicas. Imagina só: você quer uma camisa com uma escrita super específica que só uma pessoa sabe fazer no Brasil. Numa cidade pequena, se você tem um consumidor só, o impacto é limitado. Mas se você tem o Brasil inteiro consumindo, é outro potencial. 

Para fechar, Greg, queria falar um pouco sobre o Loggi Fácil, que é um produto para atender a qualquer consumidor. Qual é a diferença de quem utiliza o Loggi Fácil para quem utiliza outros modelos da Loggi? 

O Loggi Fácil é um serviço para auxiliar quem está começando a vender a se destacar: temos preço econômico, com coleta domiciliar, cuidando da embalagem, da etiqueta. Nossa ideia é justamente poupar tempo das pessoas, que tem que comprar insumos, embalar, ter impressora, ter tinta, sair de casa para ter que fazer isso. Para quem vende alguns itens por dia ou semana, isso significa horas e horas economizadas dedicadas a essas ações. O propósito disso é poder focar no que vai fazer mais diferença para sua vida. O mercado inteiro oferece produtos para lojas maiores, como coleta de pacotes no galpão da loja, mas são processos que fazem sentido para quem tem mais escala. Além disso, o Loggi Fácil funciona a qualquer hora do dia: você pode cuidar do seu dia da forma que preferir, sem precisar se preocupar com horário de funcionamento. Isso tudo sempre no propósito que temos de conectar o Brasil, gerando inclusão econômica e social. Nosso sonho é que seja tão simples para alguém no interior do Brasil enviar um pacote como é em São Paulo, nesse baricentro da logística. 

Loggi
A equipe de redação do blog Loggi é um time dinâmico que explora os meandros da logística, e-commerce e gestão. Com habilidades diversas, cada escritor contribui para contar histórias envolventes sobre transporte, inovação e estratégias empresariais. Juntos, compartilhamos a visão da Loggi de transformar a experiência logística no Brasil.
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